sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Poema oblíquo sobre a tarde que pretendia ser chuvosa e que ainda tem tempo para isso

O gato saltou no vácuo
Buscava uma borboleta a mil'asas
Almejava mostrar-se ao solo
Que invejaria sua capacidade de voar por breves períodos

O gato mirou o helicóptero
Que vigiava mil casas
Olhou de longe, gaiato, o gato
Dizendo 'te vás, que aqui não és quisto'
Mas ele, na verdade, invejava a capacidade que o helicóptero tinha de voar por longos períodos

Mas ei, uma explosão!
O helicóptero cai, sem vida - opa! ele já não era sem vida antes, tipo objeto inanimado?
O gato salta, assustado solta miado
- Crédo!, traduzir-se-lo-ia para a língua dos humanos, tipo aqueles que pilotavam o helicóptero; ah, eram eles que tinham vida e agora deixaram de ter, né?
É.
Enfim, o gato salta e cai, de novo, no chão, sem conseguir escapar da fatal explosão que lhe oblitera o frágil, ex-ágil e recém morto corpo
E o chão, ali, quietinho, sem invejar ninguém.

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