quinta-feira, 10 de maio de 2012

Um viva

Eu queria ver a volta. No brinquedo que gira, senti a tontura mais sincera, diferente daquela engarrafada de adulto, com a qual me acostumei. Eu queria ver o mundo que me cerca, e olhei pouco a pouco pra todos os lados. Os prédios, tão definitivos, me encaravam na minha questão de criança. E as crianças, que sentaram comigo no brinquedo, também buscavam o rodopiar, com outro objetivo, talvez o mesmo sentido.
Depois de alguns impulsos, em que o pai delas nos botou a girar velozes, a cidade me cercava num borrão. Aí estava minha percepção de mundo; um caldeirão misturado sem receita.
E eu me segurei firme, com medo de cair da roda das crianças; com medo de cair num mundo adulto, numa realidade que não sei compreender, com a qual nada sei além de brincar.

2 comentários:

  1. apenas adultos podem frquentar rodas alcóolicas...pra poder vomitar a merenda e relembrar o aroma gástrico da roda do "jardin d'enfants".

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    1. É... de certa forma, é uma conexão que nos acompanha pelo limes.
      Talvez seja o combustível que diferencie o fogo da fagulha.

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