Novamente decolou o avião do trabalhador.
O braço mecânico, com a mão ferramenta que faz tudo menos carinho. Do operador sozinho, controlado por outro senhor, de paletó e gravata talvez. Enchia a boca para falar que já se foi a sua vez, de estar ali na lama, sujo, fedido. Só há um pedido: para que tudo termine rápido e custando o menos possível.
No banco do ônibus, não pensa em nada. Só quer que seja fácil sua jornada, de trabalho pesado.
Da palma de sua mão ardida, muitas casas já saíram, perfeitas, completadas... De todas elas nenhuma ficou para si. E muitos donos reclamaram da demora de sua empreitada. E novamente a dor da ferida aumentava...
Não há como esperar leveza... De sua sentada à mesa, falta de apetite ou insônia, linguajar de aspereza...
Mas se a vida é sem graça, ele disfarça... na hora do jantar... e depois numa tentativa de desabafar, alguém vai se interessar? Na mesa do bar?
E há quem diga que não há caminho, quando o chamam de mesquinho, quando ninguém o vê sozinho...
Com a cabeça cheia de dúvida da vontade de fazer qualquer loucura que pareça aventura...
Que dê a sensação de que ele não está perdido, que alguém lhe dá ouvidos...
Sejam eles Deus, a bebida ou a droga que poderá espreitar na sua casa...
E assim até onde sua vida acaba...
Assim voa o avião do trabalhador.
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