segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Não éramos anjos

Uma queda talvez. Uma redução no nível intelectual, uma insistência aparentemente permanente. Nada é tão bonito que não possa desandar.
Uma proposta de diálogo. Um convite à paz.
Uma onda depois da outra, do mar de gente inconsciente. Um oceano de lágrimas.
Uma visão escura e um beco sem saída.
Nos livros, a promessa esquecida. Sejam contos de fadas ou contos da vida humana, da nossa vida. Um bando de macacos entediados. Ansiosos. Abandonados por si mesmos há muito tempo.

Eu? Eu sigo. Aos trancos e barrancos. Não trago novidades nem remédios. Nem lucidez.
Trago o desprezo por gente idiota. Trago minha angústia de sobreviver com medo. É o que trago sobre viver. Trago mais sobre a morte, um prego de cada vez. De marcas diferentes.
A decepção da regressão. Andar pra trás.
Parecem poucos, muito poucos. Eu mesma não me vejo como um bom exemplo.
Mas querem espelhar divindades. Nos espelhos portáteis. Inteligentes.
E onde paramos?
Em muros altos, cercas e sistemas de monitoramento?
Na desconfiança. No trabalho.
Nem grandes, nem importantes.
Mas é aquilo né? É sempre o potencial.
Sempre na esperança. No quase.
Na falta. Na miséria.
Na ignorância.

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