quinta-feira, 1 de março de 2018

O que não importa não importa

Você pode ver o quão estúpido isso é?
A corrida que engorda, um enfado, um disparo?
Tem alguém aí pra me ouvir gritar? Pra me ouvir chorar?
Chorar por dentro, com um sorriso estampado na cara.
Se fosse do meu jeito vocês seriam fuzilados.
Apenas pare. Quero ir pra casa, tirar esse uniforme e sair do show. Esperar ser julgada no silêncio do casulo de concreto. Um juiz grande e gordo, que come mais do que precisa, que cava fundo na escavação da mina do sucesso. O que espera encontrar além de mais lama?
E eu sinto o fedor da lama respingada em mim. Culpa.
Me pediram um cigarro e eu dei a carteira inteira, nunca tinha feito disso.
Que morram rápido.
Descontar a raiva em um objeto inanimado, um invento de atravessar paredes.
Gritar sem sair som algum.
Sentir-se mesquinho ao passar por tanta gente morando na rua e um pouco menos mesquinho por notá-los. Às vezes isso é só o que pedem.
Mas vou correr. Correr sem sair do lugar. Transar sem me apaixonar. Viver para trabalhar. Levar adiante diversos condicionamentos inconscientes e falidos. Descaradamente falidos. Depender diariamente da tecnologia que me humilha. Andar no trem sem dar bola pra nada. Adoecer entre quatro paredes.
Lentamente fechar os olhos e tentar descansar. Deixar escorrer o dia entre os dedos. Mais um dia o cacete, menos um. Sempre menos. Cada vez mais, menos.
Não há maquiagem que chegue. Não há cosmético que cure feridas. Não há ego que substitua o que mais importa.
E não basta saber.

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