sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Sobre pensar e passar

Deu um abraço meio sem jeito, mas ainda um abraço.
Reparou que ainda havia a beleza que sempre houvera.
Era possível que tivesse se esquecido de tudo.
Pensou que não.
Ela praticamente o ignorou, seus olhos cruzavam de um lado ao outro da mesa, pulando por sobre os dele como se não pudessem se encontrar.
Talvez teria medo de encarar.
Pensou que sim.
Os diferentes rótulos marcavam a passagem das horas, o tempo que fora cedido ao acaso.
Em seu braço carregava as finas linhas de seu coração.
Uma mensagem, talvez.
Pensou que não.
Tentou chegar mais perto, tentou ficar mais longe, tentou fazer que não estava ali.
Por um momento funcionou, focado naquele pequeno espaço vazio que por vezes ainda ecoava, mas era impossível ignorá-la por muito tempo.
Mas... haveria motivo para fazer isso?
Pensou que sim.
A noite se aproximou do fim e o carro, lotado, vagou pelas ruas em busca de algo para matar a fome.
No fim, em confusão por não saber como se sentir, se sentiu um incômodo.
Deu outro abraço meio sem jeito, mas ainda um abraço.
Pensou que era bom.
Mais tarde pediu desculpas por não haver se desculpado.
Achava que fizera algo ruim.
Pensou no que havia visto durante a noite, em seus risos e movimentos.
Era possível que ainda existisse algo ali dentro?
Pensou que pensava demais.

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