sábado, 15 de abril de 2017

Descanse

Percebi como agira depois de já haver se manifestado
  Infiltrando-se nas falhas de quem não se permite a paz
  Enraizando-se nesta mente que pensou não ser capaz
Em lidar com os próprios danos, como houvera esperado
Permitindo-lhe a entrada, a este hóspede indesejado
  Que da angústia se fartou, com seu apetite voraz

O rancor, por curto momento, aprisionou seu hospedeiro
  Naquele breve instante onde as barreiras foram ao chão
  Banhando-se na intensidade de cada contusa emoção
Irrompendo, com sua força, de seu fragilizado cativeiro
Não proibi que de meu palavreado fizesse seu viveiro
  E assim causei seu dano, entregue ao lapso da razão

Causara, porém, e acima de tudo, nada além de pesar
  Fiz em mim a tempestade, fiz a mim mesmo forte vento
  Fiz do luto que me permiti, meu castigo, meu tormento
Fui o que não gostaria de ser, estado ao qual jamais voltar
Reflexo da omissão de construir sobre si mesmo seu lar
  De não lutar por meus anseios, de fugir ao meu intento

A paz cresce, sobretudo, em quem entrega e não resiste
  Em assumir seus erros, em compreender cada falta
  A cada pequeno pensamento, onde o amor se exalta
Gerando simples sorrisos, no que não se via senão triste
O tempo foi curto, mas sinto que em mim ela já existe
  E no que o amanhã trouxer, que seja ela a se fazer mais alta

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