terça-feira, 15 de setembro de 2015

Malogro

Sentimento estranho. Quase como colocar uma calça comprida no primeiro dia frio depois do verão interminável. Deserto, secura mental. Páginas em branco. Estranho o ato de escrever, que por tanto tempo me foi tão natural. Mais fácil do que falar em voz alta. Me refiro a escrever sobre o que penso e sinto, não sobre os códigos secretos, as respostas para o que me perguntam, as questões banais que não calo. Pontos finais, façamos as pazes? Espero que sim. Há tempos alongava as orações tanto quanto o sono pela manhã. Acordei cedo em um dia e no outro também. Fui outra pessoa? Claro que sim. Quem sou eu que não escreve? Não, não falo de rezas, falo de orações coordenadas, subversivas, períodos longos e inexistentes. Na verdade, não me veio vontade de escrever, não quis dizer algo. Apenas quis querer, e isso não basta para afugentar a modorrenta sensação de perda do hábito. Não há a quem culpar antes de mim, então me calo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário