Há algo nesse
lance de viver, nesse jeito de atravessar pontes, andar entre os dias
de um futuro sem promessas. Há algo que reluz em um sorriso, algo
que se possa dizer de uma pessoa para outra, sem pretensões.
É muito bom ser
quase ninguém. Pisotear calçadas sem se importar com a chegada, ver
uma coruja nos galhos de uma árvore. Ser alguém só para quem tu
quer. Escolher seguir as melhores regras, aquelas que nos servem. Não
ser reconhecido. Não ser esquecido por gente que não pretendia te
conhecer.
Há algo de doce
naquela caixa de correio na casa sem cerca bem na frente da padaria
mais simpática da cidade. Há uma cidade esperando, borbulhando,
querendo nascer. Sim, nossos personagens querem vir à tona, querem
ser atoa, ficar devarde.
Há todo amor em
uma sensação que se perde e reencontra, acima das distrações, dos
embustes e outras peripécias que os meios de tarde nos pregam; não
existem pacotinhos, objetos que possam contê-lo. Esse advento
chamado amor rodopia sob o sol, preenche as ruas, atropela os planos,
explode cabeças, ocupa espaços. Sinto-o no ar, sinto em mim todo
amor que pode existir no mundo, e o mundo vive por ele e a primavera
vem chegando, como sempre, finalmente, amemos.
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