sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Algo

Há algo nesse lance de viver, nesse jeito de atravessar pontes, andar entre os dias de um futuro sem promessas. Há algo que reluz em um sorriso, algo que se possa dizer de uma pessoa para outra, sem pretensões.
É muito bom ser quase ninguém. Pisotear calçadas sem se importar com a chegada, ver uma coruja nos galhos de uma árvore. Ser alguém só para quem tu quer. Escolher seguir as melhores regras, aquelas que nos servem. Não ser reconhecido. Não ser esquecido por gente que não pretendia te conhecer.
Há algo de doce naquela caixa de correio na casa sem cerca bem na frente da padaria mais simpática da cidade. Há uma cidade esperando, borbulhando, querendo nascer. Sim, nossos personagens querem vir à tona, querem ser atoa, ficar devarde.
Há todo amor em uma sensação que se perde e reencontra, acima das distrações, dos embustes e outras peripécias que os meios de tarde nos pregam; não existem pacotinhos, objetos que possam contê-lo. Esse advento chamado amor rodopia sob o sol, preenche as ruas, atropela os planos, explode cabeças, ocupa espaços. Sinto-o no ar, sinto em mim todo amor que pode existir no mundo, e o mundo vive por ele e a primavera vem chegando, como sempre, finalmente, amemos.

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