quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

O trono do querer

O desejo é um vício.
O vício é comportamento.
Comporte-se bem e ganhará recompensas.

Mais um outdoor e menos um momento de sossego. A velhidade era um lançamento das 7 lições sobre negócios. Nada de novo. Não tem como não envelhecer moralmente, decadentemente. É uma avalanche.
O que você faria sem que ninguém visse? O que você faria se todos lhe vissem?
Às vezes tudo o que você precisa é o nada que ninguém lhe oferece. Um silêncio. Uma companhia. Um lapso de compreensão.
Vou buscar um café com açúcar, tapando a tristeza de descobrir uma dependência tão pequena. Não é querer, é necessidade. Tenho muitas certezas largadas pelo caminho, pelo chão do meu quarto, dentro do meu cinzeiro, na lixeira da cozinha e na última embalagem de tinta de cabelo. Muitas delas foram em campos de batalha. De onde fui tirada de maca, cheia de feridas e escoriações. Em grande parte por besteira grande. Quando a emoção fala mais alto. Fala alto e fala muito.
E é essa soberania que renuncio. Essa monarquia. Desse reino não quero mais ser rainha.
Muito tempo nesse trono, enxergando muito longe. Você se sente poderoso. Entrega a sua autonomia e ganha um novo par de olhos. Vê longe, apenas o que o trono lhe mostra. Do alto da soberba só lhe resta um tapete vermelho feito de várias rotinas insuficientes e um sem-fim de intrigas que apequenam.
A cúpula do palácio segura, entre quatro paredes, a sua certeza absoluta. O sustento de seu reino imaginário.
Fica meio estranho, depois de uma vida inteira de massacre, se você sair um mero passo longe do caminho pisado gera um desconforto. Você fica uma pessoa indesejável.
Não se contenta com nada e, portanto, não quer nada.
Se tudo já se acabou, por que devo querer coisa alguma?
O que sobrou para se querer?

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