quarta-feira, 17 de maio de 2017

Se sentir um lixo é se sentir bem

Afinal, o que mais explicaria essa manada de gente reclamando?
Gente que não pára.
Na cidade que não pára. Talvez devesse, pelo menos um pouco.
Os sorrisos amarelos nas fotos pra justificar um retrato falado. Uma instituição falida.
Uma grande empresa, palavras-chave.
Uma grande confusão na cabeça, não é para menos. Um monte de comportamentos doentios aprendidos e apreendidos. Apreensão. Há.
Um belo montante de piadas sem graça, uma conversa que não agrada. Um papo de surdo e mudo.
Comer lixo pra sustentar engravatados com pose de bons moços, dizendo que os bandidos são os outros. Reclamar do outro. Há cusação.
Um grande grupo de culpados identificados, atrás de uma porta fechada. "O que tem pra hoje." quando "se iniciam os trabalhos.", porque é bonito fazer da loucura uma coisa legal.
Estudar pra se sentir superior. Não a toa, é o ensino superior. Não porque é mais feliz, pelo contrário.
Trabalhar pra adoecer. Adoecer para reclamar. E reclamar por prazer, pois foi só o que restou.
Se sentir mal é normal, é a vida.
Se sentir um lixo é se sentir bem.
Mas só pode se sentir um lixo sem aparentar. Se aparentar estar se sentindo mal, vem os dedos da acusação. Da manga de paletó. Paletó de madeira.
O morto agradecido, de ter morrido ainda em vida, de tanta tristeza, de se sentir um lixo, de ser tratado como lixo, de ter perdido o sorriso e por isso, agradecido. Viveu uma vida boa.
Morte por sufocamento é uma coisa boa também.
E depois dá velório. Assunto para os próximos dias. Melhor ainda, a morte de alguém pra poder dizer como tudo tá no fundo do poço e, portanto, ótimo.
A vida boa é aquela com muito sofrimento, nenhuma alegria, muitas reclamações, muitas acusações, nenhum afeto, muita violência. O lixo é bom.
Se sentir um lixo é se sentir bem.

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