quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Nomeie seus demônios


Existe uma tradição, um punhado de regras, um código de conduta, a tábua de leis; existe um comportamento certo e vários errados; existe sofrimento pregado pelos cantos, carne arrancada, pregos na cruz, prata no bolso, bolso do paletó, paletó de madeira, descanso perpétuo, silêncio sepulcral.
Existem dois tipos de pessoas, bandidos ou não; mortos ou vivos, ou mortos-vivos, terceiro sexo, quarto estado da matéria, quinta-feira pela tarde, sexto sentido, igreja do sétimo dia, oitava maravilha, nona sinfonia, dez anos se passaram, sim, contar até dez e ver se a raiva passa, raiva queima e não é azia, não é incêndio pondo abaixo os templos da mentira, erguidos como peste se espalhando na lavoura, jesuítas, catequistas, vendedores.
Para que serve o sofrimento eu não sei, eles que devem saber. Espalham a doença e vendem a cura, e ainda fingem que se importam. Sim, cuidaremos de vocês, na trindade você pode confiar, palavras ditas com um sorriso assassino, a confiável face daqueles que podem.
Quem salva o salvador? Que salva o salvador? Salva a si mesmo, apenas, e finge que poderia ter feito mais, mas não permitimos, sacrificou teu filho, é, por que não a ti mesmo?
Não, eu não preciso de um demônio para me acompanhar, não preciso ouvir, recitada em meu ouvido, a mágica fórmula do cumprimento de um código absurdo que somente serve a quem o cria.
Igreja, governo, sociedade opressora, tanto faz. Nomeie seus demônios como quiser, não vão me convencer.
  
(por Norik Cara-vermelha, de certa forma)

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