Existe uma
tradição, um punhado de regras, um código de conduta, a tábua de
leis; existe um comportamento certo e vários errados; existe
sofrimento pregado pelos cantos, carne arrancada, pregos na cruz,
prata no bolso, bolso do paletó, paletó de madeira, descanso
perpétuo, silêncio sepulcral.
Existem dois tipos
de pessoas, bandidos ou não; mortos ou vivos, ou mortos-vivos,
terceiro sexo, quarto estado da matéria, quinta-feira pela tarde,
sexto sentido, igreja do sétimo dia, oitava maravilha, nona
sinfonia, dez anos se passaram, sim, contar até dez e ver se a raiva
passa, raiva queima e não é azia, não é incêndio pondo abaixo os
templos da mentira, erguidos como peste se espalhando na lavoura, jesuítas, catequistas, vendedores.
Para que serve o
sofrimento eu não sei, eles que devem saber. Espalham a doença e
vendem a cura, e ainda fingem que se importam. Sim, cuidaremos de
vocês, na trindade você pode confiar,
palavras ditas com um sorriso assassino, a confiável face daqueles
que podem.
Quem
salva o salvador? Que salva o salvador? Salva a si mesmo, apenas, e
finge que poderia ter feito mais, mas não permitimos, sacrificou teu
filho, é, por que não a ti mesmo?
Não,
eu não preciso de um demônio para me acompanhar, não preciso
ouvir, recitada em meu ouvido, a mágica fórmula do cumprimento de
um código absurdo que somente serve a quem o cria.
Igreja,
governo, sociedade opressora, tanto faz. Nomeie seus demônios como
quiser, não vão me convencer.
(por Norik Cara-vermelha, de certa forma)
Nenhum comentário:
Postar um comentário