Comia um iogurte
super-sem-gordura enquanto comentava com a amiga sobre como aquele
mingo da outra turma era inseguro. Um piá bobo.
Ouvia a velha
enrugada falando por trás do vidro e das camadas científicas
removedoras de idade sobre o caos na saúde, as crises e os mercados,
com ênfase especial na falta de segurança no estado. Um horror.
Saía do automóvel
após desafivelar o cinto, pisava na calçada, olhava para o lado e
atravessava na faixa, sendo atropelado de qualquer forma. Faixa e
trânsito nada seguros.
Tu precisas de
alguém que te dê segurança, senão tu danças, dizia aquele outro,
com outras palavras, encabulando seu futuro eu pela gramática
tortuosa eternizada pelas próximas décadas.
Quem melhor para
cumprir esse papel do que alguém que não existe fora dele, que
personagem melhor para disfarce do medo do que uma fantasia de
palhaço, velho cósmico universal, MACACO ASTRAL, com sua enorme mão
capaz de tomar e tapar todo o céu, mas não de calar tua boca antes
que tu bostejasse culpando por tudo a todas as terceiras pessoas como te
convém, uma mão gentilmente evitando a fala, a outra levando o
indicador aos lábios, sssh,
e então apontando um confortável assento, senta lá e
deixa o pessoal em paz, não
isso ele não faz, ora, o filho segue o exemplo do pai; herda, sob
duras taxas, os seus bens, alguma virtude, seus graves defeitos; sim,
o homem cria seu deus à sua imagem e semelhança, e esta criatura
passa a agir conforme seu idealizador, cometendo as mesmas falhas,
mesquinhando tanto ou mais; por que, então, faria a ti um bem que
nem tu mesmo te faz, em especial, sugeriria, desentupir os ouvidos,
lavar em um jato de água quente a imbecilidade da qual te recheaste.
Depois é a Júlia...
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