segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Sobre aromas


Sinto um dos cheiros que a circundam, na solidão de uma tarde bempassante.
Essa troca de estações causa uma sensação esperançosa, uma brisa de novidade; vão-se embora as cerrações e céus cinzentos; vem vindo cheiro de bons tempos, tempo bom.
Preso à minhas narinas ou debaixo de minhas unhas, aroma suave e aconchegante; mesmo estando eu aqui e ela não, não me sinto em solidão. Sei das voltas que damos em torno das nossas promessas, ir e voltar. E ainda bem que nós costumamos cumpri-las; são elas que nos levam de um dia a outro.
Já disse e repeti: que não há paz sem haver solidão. Mas encontrei um estado indecifrável em que se harmoniza a minha tranquilidade e um momento de distração, o afastamento que permite um novo reencontro, aquele sorriso de saudação, que é diferente de todos os outros - sim, são vários tipos, todos lindos.
Solta, minha cabeça pende em várias direções, formula trinta meia dúzias de teorias pela metade, que me servem simplesmente por começarem a se agitar, pequenas ondinhas mostrando a grande calmaria de um açude. Ainda é inverno, mas a primavera vem.
Aguardo ansiosamente pela sensação de quebra da saudade, tão eternamente enorme, então comprimida num breve período de distância.
Sem falar nos pasteiszinhos que ela trará da padaria.

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