sexta-feira, 5 de abril de 2013

New Rose

  Em seu refúgio, Rosa abriu os olhos e percebeu que, mais uma vez, adormecera tendo consigo sua jóia. Bendizia a sorte, que lhe dera tanta fortuna, entretanto, não conseguia ignorar tamanha ironia. Justo ela que andava desacreditada destas riquezas fora agraciada com algo tão raro e especial! Sentia-se feliz! Muito feliz!

   No passado, Rosa perseguira em sonhos os passos do Andarilho. Mas somente em sonhos, visto que a realidade lhe impusera raízes em um jardim (naquele tempo, ao menos, era assim que ela acreditava ser). Tudo o que almejava era dissipar aquela névoa cinzenta que insistia em ocultar a primavera sempre que o Andarilho parecia finalmente sentir-se bem, sentado em um dos bancos em meio às flores. E mesmo empenhando toda sua força e coragem, a nebulosidade sempre se refazia e os espinhos, por gostarem desse tipo de clima, surgiam mais e mais.

   Naquele tempo, mesmo diante do Espelho, Rosa era incapaz de ver a si mesma pois ainda tinha seus olhos vendados.
   O Espelho notara que Rosa era diferente dos demais. Não se deixava hipnotizar pela própria imagem refletida. Mas também não parecia se deixar alegrar pelo brilho do Espelho que sorria para ela; pelo contrário, rumava cada vez mais ao Abismo de Submissão. Intrigado, suspirava pensando na conduta do Andarilho que descuidara dos passos de Rosa: "Ah, se eu tivesse ao menos a metade de uma flor! Meu zelo e meus carinhos se devotariam à ela! Estaria eu errado por pensar assim?".

   Cotidiano ria os observando perdidos naquela ilusão.Tudo não passava de um circo armado por ele e seu amigo Destino, para que Rosa e o Espelho fossem incapazes de ver um aos olhos do outro. Os olhos refletem a alma e se isso ocorresse, reconheceriam de imediato o motivo pelo qual sabiam em seu âmago que já haviam estado frente a frente em outro lugar, muito tempo antes.

   Hoje Rosa sabe que não eram suas raízes que a mantinham naquele sonho confuso, mas a Megera que a puxava pelos pés e lhe aprisionava o andar. Descobriu que a escuridão almejada pela Megera nada mais era que a ausência de luz nas retinas de quem se apega às vendas de Cotidiano e assim, deixou pra trás as sombras, fazendo com que o "sem-fim" da história da Megera fosse o próprio final de sua história em comum. Agora, sonha desperta. Em seu coração permeia a certeza e em seu relicário a jóia brilha como nunca.

   Dia destes, Rosa volveu seus olhos para o interior da jóia e ali teve uma agradável surpresa! Como em um sonho bom a jóia lhe mostrava o desabrochar futuro de um de seus botões. No futuro, Rosa teria como companheira uma Rosinha. Suspirou e agradeceu, em paz. No amor, Rosa encontrou resposta e da resposta Rosa fez seu caminho.

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