segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Natal

E mais uma vez chega o fim do ano. Chega a época de fingir que vivemos em uma terra que neva, e que existe um homem branco distribuindo presentes e esperança. Um homem gordo. Tão gordo quanto a mentira que representa.
Eu tenho lembranças boas do natal, mas só as tenho porque as famílias costumavam se reunir, mesmo odiando uns aos outros, falando mal pelas costas. Porque eu tinha "amigos", porque ganhava presentes, era tempo de férias da escola e tempo de ganhar e comer chocolates. Hoje eu me pergunto se devo comemorar tal data ou não. Afinal de contas, tudo o que nos ensinavam era para ser honesto, não mentir e não fingir. Tudo o que acontecia nesse tempo de ensino, durante o natal, era o completo oposto.
Porque guardamos uma data que supostamente serviria para preservar os bons costumes, se temos o ano inteiro para fazê-lo, e não fazemos?
No natal também não fazemos. Mas compramos algo que faça o trabalho por nós. Igual um livro de auto ajuda cuja finalidade é pensar por nós.

Podemos fazer coisas boas durante o ano. Não precisamos de uma data inventada para movimentar o comércio.
Acredito que não precisamos fingir que aqui neva, que faz frio em dezembro, para parecer que estamos em um país "desenvolvido" para não perder o "norte" ficar desnorteado... expressões eurocêntricas. "Porque não o sul?" Diria Sérgio Trombetta...

Porque precisamos de uma diretriz que diga: "façam o bem, reúnam suas famílias"?
Enquanto seguirmos isso, estaremos, também, seguindo uma outra diretriz, talvez projetada, que nos diz: "bitolem-se, explorem ou sejam explorados, idolatrem os poderosos".
Mas esta deixamos pro restante do ano...

No natal, acontece algo semelhante com a relação "elite x plebe". Os exploradores vão odiar os menos favorecidos para amenizar os efeitos da culpa, e os explorados vão odiar os exploradores.
No natal, as pessoas vão fingir se dar bem com as outras para amenizar a culpa de um ano inteiro não dando bola pra nada.

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